Estamos vivendo em um mundo de constantes transformações e falando especificamente do contexto Brasil, podemos afirmar que transformação pode ser sinônimo de profunda turbulência em todos os sentidos.
Esta instabilidade generalizada é fruto de um mix de questões que fogem da nossa competência e que não podem ser controladas por nós. Portanto, neste caso, nos adaptamos ao novo contexto ou criamos novos modelos de trabalho, de gestão. É uma condição sine qua non, ou para bom entendedor, “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”.
Muitos devem pensar: lá vem mais um consultor falando de auto motivação. É muito mais profundo do que isso. Um dos significados desta palavra diz que motivação é o impulso interno que leva a ação. E para que a ação tenha um real significado, ela precisa estar direcionada para o caminho certo. Muitas vezes profissionais ou pessoas investem tempo aliado a um esforço hercúleo para fazer algo que simplesmente não tem sentido. Por mais que exista motivação e ação, muitas vezes todo o esforço é “jogado na lata do lixo”, pois não há direcionamento.
Existe frase terrível que reflete bem este sentimento nas empresas: “não existe nada pior que um incompetente motivado”. E a falta de êxito na conclusão de algum processo pode estar escondida na falta de direcionamento e não na falta de competência técnica ou comportamental. E neste caso, o porquê do fracasso de alguma tarefa ou objetivo muitas vezes não é compreendido adequadamente.
Já que estamos tratando primeiramente desta questão no âmbito corporativo ou profissional, vejo em meus trabalhos de coaching/mentoring que muitos profissionais têm o interesse em materializar os seus objetivos, as suas metas e trabalham com extremo afinco para que tudo dê resultado para a empresa e consequentemente para si mesmos. Porém, no final das contas, os esforços resultaram em um crescimento nulo ou medíocre para ambos.
O direcionamento deve partir sempre de cima para baixo, quando falamos em hierarquia. Por mais que exista a necessidade de uma grande participação de todos os níveis da empresa na execução e na geração de ideias para transformar propostas em realidade, tudo deve partir de quem lidera. E neste caso, quando o gestor ou o proprietário do negócio não têm uma estratégia adequada para uma ação singular ou um direcionamento a curto, médio e longo prazos, o funcionário age impulsivamente, mantendo sim a motivação necessária, porém gastando uma grande energia com algo que muitas vezes a empresa não necessita ou que fugiria do foco ou estratégia principal do negócio em um determinado momento. É como usar uma “bazuca” para matar uma mosca.
Muitas vezes, por mais que o funcionário tenha discernimento do que a empresa necessita, dada a sua experiência e seu tempo de casa, o direcionamento correto poderia maximizar absurdamente o resultado da ação.
Falando no âmbito pessoal, existem muitas travas e bloqueios que muitas vezes precisam ser eliminados para que os objetivos sejam alcançados. Quando falamos em direcionamento em nossa vida pessoal tudo é similar e a grande questão aqui pode estar na diferença de pensamentos e relacionamentos focados e desfocados.
Quando falamos em comportamento, talvez o maior entrave do relacionamento humano esteja na maneira peculiar das pessoas perceberem, sentirem e analisarem a realidade que as cerca. Neste caso, a diferença de percepções de uma mesma realidade nos tem levado a uma série desentendimentos e falta de foco, que poderiam ser evitados caso parássemos para pensar que além da nossa percepção existe também a percepção daqueles mais isentos de condicionamentos, que enxergam a vida mais próxima da realidade. Coloco isso de uma forma muito sintética e isso seria tema de um longo artigo, porém, resumidamente, o grande diferencial aqui é o alcance de uma consciência crítica da realidade e o exercício constante de quebrarmos as amarras que nos prendem muitas vezes a situações passadas ou futuras.
Uma pessoa cujo o propósito está amarrado a relacionamentos desfocados se prende a uma comunicação tática, de ataque-defesa, baseada em justificar ações, falas inúteis e fofoca. Muitas vezes a pessoa se prende ao passado e ao futuro, ao consumismo como única fonte de prazer e a competição, gerando o descentramento e a perda de foco. Essas são umas das maiores causas do excesso de ansiedade que hoje corrói projetos de vida de muitas e muitas pessoas. Esse direcionamento é altamente contagioso e negativo.
Quando conseguimos direcionar as nossas ações em relacionamentos focados, a comunicação é real, existe um processo de aprendizagem, uma clareza de intenção, uma entre ajuda, um clima de lealdade e de automotivação, sendo que o principal ingrediente é a construção contínua de uma mentalidade participativa, criativa, solucionadora e servidora. Isso é o que chamamos de postura auto condutora, ou seja, você assume as rédeas da sua vida de uma forma positiva. Esse é o direcionamento sadio e transformador. Neste caso, você aceita a sua realidade de forma inteligente, buscando transformá-la para alcançar os seus objetivos, criando relacionamentos duradouros e que ajudam a construir uma vida plena em todos os sentidos.
Logicamente que esses não são os únicos aspectos a serem considerados, porém convido vocês a refletir profundamente sobre isso. Os comportamentos massificados e a falta de direcionamento podem arruinar as empresas e principalmente a vida das pessoas. Portanto, necessitamos urgentemente de uma revisão saudável em todos os aspectos de nossas vidas, agregando também a capacidade de nos livrarmos do que não agrega e faz mal e absorvermos aquilo que contribui para o nosso desenvolvimento e nos faz bem. E por mais que essa separação seja muito particular, é importante que tenhamos em mente que momentos ou situações diferentes exigem comportamentos e ações diferentes.
Analisando os aspectos pessoais, esta frase de Aline Gomes traduz de forma muito clara o que descrevi acima:
“Sempre que possível, faça uma limpeza interior. Reveja conceitos, remova o que só ocupa espaço, retire os sentimentos ruins. Assim, tudo que for agradável encontrará espaço suficiente para fazer pouso em você”
Para as empresas, o direcionamento e o planejamento farão sempre a diferença não só nos resultados, mas no índice de assertividade e motivação dos colaboradores. Uma empresa que tem propósitos, metas e um direcionamento claro sem dúvida alguma conseguirá mais êxito em todos os aspectos, pois sabe exatamente onde quer chegar, independente se tiver que mudar as estratégias em função dos negócios.