O mercado e o mar têm uma coisa em comum: estão em constante movimento e não perdoam a inércia. Não dá para entrar neles e ficar parado. Ou eles nos puxam para dentro ou nos empurram para fora. Ou, simplesmente afundamos.
Nesta última década, muitos negócios estavam sendo levados pelo mercado, surfando na onda do aquecimento da economia que, por sua vez, estava sendo fragilmente sustentada pelo incentivo ao consumo. O modelo se esgotou e a economia esfriou. Juros mais altos, inflação, desemprego, menos dinheiro no mercado e muitos negócios afundando.
Segundo dados divulgados pelo IBGE, o comércio varejista amargou uma queda nas vendas de 4,3% em 2015. Há setores com baixas ainda mais expressivas como o de móveis e eletrodomésticos, que teve redução de 14%. Por outro lado, há também segmentos que cresceram, como o farmacêutico, perfumaria e cosméticos, que subiu 3%. A crise existe, mas não é homogênea. Ela afeta mais alguns setores e passa longe de outros.
A primeira análise que precisamos fazer é: reduziram ou cresceram as vendas da empresa? Os índices ficaram na média do setor? A segunda análise deve ser olhando para dentro: o que minha empresa fez nos últimos anos para ganhar mercado, para ser mais competitiva e eficiente? Voltando à analogia com o mar: fizemos força para nadar ou deixamos as ondas nos levarem?
A falta de informação, a inexistência de planejamento e de estratégias são fatais para qualquer empresa. A economia aquecida pode até mascarar essas deficiências, mas quando o mercado para de puxar, não tem jeito: as deficiências ficam evidentes e cobram um alto preço.
Muitas empresas não monitoram informações básicas, como: ticket médio de venda, positivação de clientes, giro de mercadorias, liquidez versus estoque e lucratividade. Tantas outras não se preocupam em entender e se adaptar ao novo consumidor e passam longe de ações criativas e inovadoras. Apesar da redução do consumo, as pessoas continuam comprando e as empresas que fizeram a lição de casa vão continuar vendendo. Você está nessa lista?
A crise econômica acontece da porta para fora – no cenário externo à empresa – e afeta você e seus concorrentes. Mas a solução para sobreviver a ela está da porta para dentro e se chama gestão. Reflita sobre isso e aja. Ou você vai ficar esperando pelo próximo tsunami?
