Consultoria e Assessoria

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A perversa zona de conforto

Num fim de tarde desses, fui tomar café com uma amiga que estava angustiada para falar sobre a sua carreira. Depois de uns quinze minutos tricotando sobre generalidades, saboreando um generoso pedaço de torta de queijo e uma xícara de café, entramos no assunto de fato.

Como consultora de empresas já ouvi inúmeras vezes as lamentações de empresários e, principalmente, diretores, gerentes comerciais, sobre as dificuldades para lidar com a concorrência. Brigas de preços, propagandas, pesquisas de mercado, desenvolvimento de novos produtos, inovações, treinamentos, estratégias, enfim, é preciso muito investimento e esforço para se manter vivo e competitivo no mercado. Quem trabalha na área comercial sabe que não há sossego, é um olho no peixe e outro no gato.

O desejo de muitos gestores comerciais é, sem dúvida, atuar em segmentos menos concorridos, ou até, quem sabe, não ter concorrente algum. Já pensou? Seria tudo bem mais fácil. Mas, naquele fim de tarde, naquela conversa com minha amiga, fui levada a enxergar o outro lado de uma empresa sem concorrentes.

Minha amiga trabalha numa das maiores empresas do seu segmento, aquela em que todos os profissionais da área querem trabalhar algum dia e sem concorrentes diretos na região. Privilégio para poucas, não acha? Pois é, mas o pecado de quem não tem concorrência é entrar na perversa zona de conforto e isto pode ser ainda mais mortal do que duelar diariamente com os adversários por uma fatia do mercado. 

A angústia que ela carregava e que estava lhe tirando o sono, era o fato de a empresa estar se tornando medíocre. Como, em tese, o seu mercado estava garantido, não havia mais qualquer esforço pela inovação, pelo resultado e pela excelência. A equipe, que outrora era instigada a ir além, estava ficando desmotivada e muitos já estavam saindo. Caminho que ela estava propensa a seguir, daí o motivo da aflição.

De fato, aquela situação era nova para mim. Do ponto de vista do negócio é muito confortável ter faturamento e margens garantidas, mas do ponto de vista da equipe, formada por jovens com menos de 35 anos, trabalhar numa empresa que não tem maiores ambições é desmotivador. Ficou muito claro que a empresa, que está numa condição privilegiada, está criando um novo problema para si: a gestão das pessoas.

Após duas horas de conversa e mais algumas xícaras de café, minha amiga foi embora decidida a procurar novas oportunidades e eu, matutei por mais algum tempo sobre a complexidade de gerir um negócio e que nunca, em hipótese nenhuma, podemos deixar de olhar para todos os lados. Lembrei, novamente,  daquela velha historinha do sapo que morreu cozido sem perceber que a água estava, lentamente, esquentando.

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