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A eficiência de uma área basta para suprir a ineficiência das outras?

Uma empresa deveria funcionar como um grande relógio com todas as engrenagens operando em harmonia, uma encaixando na outra em total sincronismo. Deveria, mas a gente sabe que a realidade passa longe disso. É bem comum ter uma ou duas áreas da empresa que “puxam” e outras que precisam ser empurradas! É comum, mas não é o ideal.

 

Quanto menor a disparidade no desempenho das áreas e das equipes, maior o resultado da empresa. Dá para conviver com o desequilíbrio? Dá, mas é desgastante e o custo pode ser alto demais.

 

Pensando na sua empresa, você sabe quais as áreas que puxam e quais as que precisam ser empurradas? E, principalmente, consegue dizer o porquê da disparidade entre elas? Será que você tem alguma coisa a ver com isso?

 

A menina dos olhos

 

Carlos trabalhou por 25 anos na área comercial. Começou como balconista numa loja de ferragens, passou a vendedor externo, supervisor e depois chegou a gerente comercial numa grande indústria têxtil. Carlos subiu na carreira por competência e dedicação, mas, já saturado por desentendimentos com alguns diretores da empresa, ele decidiu canalizar seu talento e experiência num projeto próprio. Criou, então, sua marca e empreendeu no segmento de roupas femininas. Carlos mergulhou no desafio e, como não poderia deixar de ser, colocou toda a sua energia e dedicação no novo projeto.

 

Não foi difícil para ele abrir espaço para a sua marca, afinal, foram 25 anos de muitos contatos e uma ótima reputação. Depois de alguns meses, os resultados começaram a aparecer e, logo na sequência, os problemas também. Como assim? Pois é, enquanto o Carlos se dedicava àquilo que mais gostava e sabia fazer, que era vender, as outras áreas da empresa seguiam em segundo plano, no modo “piloto automático”. Problemas começavam a pipocar e comprometer o excelente desempenho da área comercial: baixa qualidade dos produtos, prazos de entrega que não eram cumpridos, custos financeiros elevados e alta rotatividade na já reduzida equipe.

 

Como a empresa estava no início, Carlos não investiu em pessoas que pudessem gerir outras áreas com a mesma competência que ele conduzia o comercial. Ele também optou em investir pesado no marketing e economizar num sistema de gestão integrado. No curto prazo esse modelo até funcionou mas, no médio prazo, a eficiência de uma área foi ofuscada pela ineficiência das outras.

 

A “menina dos olhos” do Carlos era o comercial, claro. Era ali que ele gostava de estar e onde ele conseguia utilizar toda a sua experiência e competência. Porém, assim como tantos, ele não se deu conta de que empreender exige ampliar o campo de visão, sair da zona de conforto, desenvolver outras habilidades e, por vezes, passar longe da área com a qual mais se identifica!

 

Voltando à sua empresa, qual é a sua menina dos olhos? Será que você investe e se dedica às outras áreas como faz nela?  Você compreende que um setor depende do outro e que o resultado final é determinado pelo desempenho da engrenagem mais fraca?

 

Sincronia e velocidade

 

Se Carlos continuasse com o pé no acelerador nas vendas a empresa não suportaria e, ironicamente, iria à falência mesmo batendo metas.  A estratégia foi recuar e até reduzir um pouco a velocidade para ter tempo de elevar as outras áreas para o mesmo nível de eficiência do comercial. A sincronização foi mais importante naquele momento e disto ele tirou uma lição valiosa: potencializar aquilo que já está bom, pode piorar ainda mais aquilo que está ruim.

 

O verbo “recuar” para um profissional da área comercial não soa bem. Carlos levou um tempo para digerir isso e compreender que seu dicionário agora era o dos líderes e que, neste, cabem também os verbos desaprender e reaprender.

 

O processo de sincronização na empresa do Carlos incluiu muita análise, revisão de estratégias, planejamento e uma grande mudança de comportamento dele. Depois das engrenagens em sintonia, as vendas voltaram a crescer e a empresa começou a apresentar resultados.

 

Você pode me perguntar: todas as áreas passaram a trabalhar exatamente com o mesmo nível de eficiência? E eu respondo: não, claro que não. Mas o Carlos consegue medir, acompanhar e corrigir sem perder a velocidade e as oportunidades.

 

E então, será que você tem alguma coisa a ver com as áreas mais problemáticas da sua empresa? Até quando a área mais eficiente conseguirá suportar a ineficiências das outras? Pense nisso e aja o quanto antes.

 

Até a próxima!

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