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Fuja da seleção natural

É impressionante a quantidade de empresas que espera para fazer o planejamento quando já não há mais quase alternativas de sobrevivência e as poucas que restam, normalmente custam muito mais trabalho e investimento. É uma inversão da ordem natural das coisas: primeiro eu começo e depois, se precisar, eu planejo e faço as contas se valeu à pena, ou não, apostar no sonho.

Esse planejamento, que deveria ser inicial, engloba um plano de negócios que inclui informações sobre o mercado, sobre os clientes e concorrentes, ameaças e oportunidades e é ele que dará subsídios para que as forças e recursos sejam bem empregados e que o empreendimento tenha sucesso. Além disso, o planejamento também inclui um estudo de viabilidade financeira, o que dá a noção de lucro e retorno de todo o investimento que será realizado.

Mas o espírito de empreendedorismo é tão forte e disseminado entre os brasileiros, que planejar e fazer as contas antes soa como “jogar um balde de água fria” no próprio sonho. No ano passado, o Brasil ocupou a segunda colocação em um ranking mundial de empreendedores entre 45 países, exceto China e Índia, segundo o Global Entrepreneurship Monitor. Mas, em contrapartida, o índice de pequenas empresas que fecharam suas portas até o quinto ano de existência foi de 58% segundo levantamentos do Sebrae-SP. Somos empreendedores, as estatísticas mundiais comprovam isso, mas também temos um grau elevadíssimo de espírito kamikaze e penso que este componente mais atrapalha do que ajuda na gestão dos nossos negócios, vide o alto índice de mortalidade de nossas empresas.

Quando são analisadas as causas dessa mortalidade precoce, dentre os vários motivos, destaca-se a falta de planejamento prévio por parte do empreendedor. Veja só, o mesmo empreendedor que planeja as férias com a família, a viagem para o exterior, a festa com os amigos, não consegue planejar o seu próprio negócio, arriscando anos de trabalho e dedicação, além de recursos financeiros.

Há um componente importante, que não pode ficar fora desta análise e que justifica esse não-planejamento: o fato do negócio “caminhar sozinho” por um determinado período de tempo. Normalmente ele não sinaliza imediatamente se irá, ou não, dar certo e como a análise por parte do empreendedor é empírica, parece que a empresa terá uma vida longa. No entanto, ao primeiro sinal de queda nas vendas ou falta de capital de giro, o empreendedor sente que alguma coisa saiu de sincronismo. Ele então pensa que é o momento certo de parar e fazer as contas. Quem sabe, tarde demais.

E como é sempre muito mais fácil dividir o insucesso do que o sucesso há uma meia dúzia de justificativas, que são dadas pelos empreendedores, quanto às razões do fechamento de suas empresas: falta de clientes, excesso de concorrentes, falta de crédito, excesso de impostos e de burocracia e falta de incentivos do governo. Bem, isso tudo é pertinente, mas não é privilégio de nenhuma empresa, é a realidade de quase todas! E mais, é possível, através de um planejamento bem feito, quantificar isso tudo antes, para não tomar sustos depois.

Aliás, cabe bem frisar que a ação de planejar tem início, mas jamais terá um fim. Sempre, durante toda a vida da empresa, o empreendedor deverá planejar: o novo produto ou serviço, o novo mercado a ser conquistado, as novas metas de crescimento, a nova campanha publicitária, a sua própria sucessão. O planejamento é uma poderosa ferramenta para que as empresas não sejam simplesmente lançadas à seleção natural: onde elas nascem, muitas morrem, e algumas, às vezes, sobrevivem.  Ele ajuda a garantir a perpetuidade do negócio e a realização do sonho empreendedor.

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