A liderança é um dos fatores mais decisivos para o sucesso das empresas, portanto, tem impacto direto no turnover, ou seja, na rotatividade de colaboradores. Entender esse desafio e agir de forma estratégica é essencial para construir equipes sólidas e reduzir custos relacionados à perda de talentos.
Segundo a Gallup, empresa norte-americana de pesquisas, 75% dos motivos que levam um colaborador a deixar seu emprego estão ligados diretamente ao gestor imediato, em outros termos pessoas não deixam empresas, deixam líderes.
Este artigo de opinião, analisa a importância da liderança na gestão de pessoas e como ela pode atuar para minimizar o turnover. Acompanhe a leitura.

O papel da liderança empresarial no turnover
A liderança influencia diretamente a motivação, o engajamento e a permanência dos colaboradores. Sendo assim, quando líderes estão preparados para ouvir, inspirar e desenvolver suas equipes, criam um ambiente favorável à produtividade e à retenção de talentos. Vamos aos conceitos!
O que é o Turnover e por que ele é preocupante?
O turnover refere-se à saída e substituição constante de funcionários. Essa rotatividade pode ser voluntária (quando o colaborador pede demissão) ou involuntária (por decisão da empresa). Abaixo elencamos algumas das principais causas do turnover nas empresas:
- Falta de reconhecimento e valorização;
- Ausência de planos de carreira;
- Clima organizacional negativo;
- Lideranças despreparadas para gerir pessoas;
- Sobrecarga de trabalho e estresse constante.
Em muitos casos, colaboradores pedem desligamento não pela empresa em si, mas pela relação direta com seus gestores, segundo a Gallup 75% dos motivos que levam um colaborador a deixar seu emprego estão ligados diretamente ao seu gestor imediato.
Ainda, conforme a Deloitte, o custo para substituir um funcionário pode variar entre 50% e 200% do salário anual do profissional. Além dos custos financeiros (custos com recrutamento, seleção e treinamentos), gerados pelo turnover, destacamos ainda:
- Perda de conhecimento e experiência interna;
- Queda de moral da equipe;
- Prejuízo à imagem empregadora (dificuldade para manter uma reputação positiva, tornando a empresa não atraente para atrair e reter talentos)

Desafios que permeiam ambientes corporativos:
Lideranças tóxicas podem gerar estresse e desmotivação, enquanto líderes preparados criam vínculos de confiança, desenvolvem talentos, engajam equipes e promovem ambientes colaborativos e mais saudáveis.
No entanto, o que temos que compreender é que existem muitos desafios e barreiras que precisam ser superadas, e neste sentido, listamos alguns destes desafios que são visíveis e que permeiam os ambientes corporativos:
- Falta de preparo emocional: líderes despreparados reagem com autoritarismo ou omissão. Sendo assim, o desenvolvimento da inteligência emocional é essencial para lidar com conflitos, pressão e diversidade de perfis.
- Comunicação ineficaz: ausência de feedbacks, escuta ativa e alinhamento de expectativas gera insegurança e frustração.
- Cultura de microgestão: excesso de controle mina a motivação e autonomia, impedindo desta forma o desenvolvimento do senso de pertencimento.
- Ausência de reconhecimento: falta de valorização e reconhecimento estimula a busca por novas oportunidades.
Estratégias de liderança para reduzir o turnover
Contudo, sabendo que esses desafios são comuns no ambiente empresarial, é necessário criar estratégias com intuito de minimizar ou reverter os impactos negativos gerados pelos desafios acima mencionados. Por isso, listamos abaixo algumas estratégias que auxiliarão nesse processo:
- Fortalecimento da cultura de liderança: investir na formação contínua dos líderes com foco em soft skills (habilidades comportamentais), empatia, comunicação e gestão de pessoas.
- Implantação de programas de escuta ativa: sistemas de avaliação, como pesquisas de clima e reuniões one-on-one ajudam a identificar e resolver problemas antes que levem à demissão.
- Planos de carreira e desenvolvimento bem estruturados: líderes devem estimular o crescimento dos profissionais, com planos de desenvolvimento individuais (PDIs), mentorias e oportunidades reais de evolução.
- Promoção de um ambiente saudável: o bem-estar físico e mental deve ser prioridade. Ambientes tóxicos e desequilibrados são grandes catalisadores de turnover.
- Programas de engajamento e reconhecimento.
Então, como isso realmente funciona na prática? Afinal, isso é passível de implementação?
Com o propósito de ilustrar e para contextualizar, compartilhamos um case real: o Projeto Oxigênio do Google. Acompanhe conosco!

Case: Projeto Oxigênio do Google
Cenário Inicial:
Apesar de ser reconhecido como um dos melhores lugares para se trabalhar, o Google, no início dos anos 2000, enfrentava um desafio real: alto turnover entre seus engenheiros e profissionais técnicos. A cultura extremamente orientada a dados e autonomia acabava criando uma lacuna: havia pouca ênfase na liderança como papel estratégico.
Hipótese da Empresa:
A equipe de RH acreditava, inicialmente, que líderes não eram tão importantes para profissionais altamente capacitados e autogerenciáveis, como, por exemplo, para engenheiros de software.
Nasce o Projeto Oxigênio:
Em 2009, foi criado o Project Oxygen, com a missão de responder a uma pergunta simples e poderosa:
“O que faz de um gestor no Google um bom gestor?”
A equipe de People Analytics do Google analisou:
- Avaliações de desempenho de líderes;
- Feedback 360º de equipes;
- Resultados de produtividade e engajamento.
Descobertas Surpreendentes:
Ao cruzar os dados, o Google chegou a 8 comportamentos fundamentais dos melhores líderes (posteriormente ampliados para 10):
- Ser um bom coach (mentor e desenvolvedor de pessoas);
- Empoderar a equipe e não microgerenciar;
- Demonstrar interesse genuíno no bem-estar das pessoas;
- Ser produtivo e orientado a resultados;
- Ser um bom comunicador;
- Apoiar o desenvolvimento de carreira;
- Ter uma visão clara e alinhada com a estratégia da empresa;
- Possuir habilidades técnicas que inspirem respeito e confiança;
- Colaborar entre equipes;
- Tomar decisões firmes e bem justificadas.
Aplicação Prática:
Então, após identificar os comportamentos-chave, o Google reformulou seus programas de liderança:
- Treinamentos personalizados focados nos 10 comportamentos;
- Sistema de feedback contínuo com foco em coaching e escuta ativa;
- Acompanhamento do impacto da liderança nos resultados dos times.
Além disso, passaram a avaliar e promover líderes não somente pelos resultados técnicos, mas pelo impacto humano e sua habilidade de construir times fortes.
Resultados Obtidos:
- Redução expressiva no turnover, especialmente entre engenheiros;
- Aumento no engajamento e satisfação interna;
- Melhora nos indicadores de desempenho das equipes;
- Fortalecimento da cultura de liderança centrada nas pessoas.
O próprio Laszlo Bock (ex-VP de People Operations do Google) defendia uma liderança empática, colaborativa e influente, sem recorrer ao poder formal, especialmente em ambientes formados por profissionais altamente qualificados como engenheiros do Google.
Sendo assim, fica claro que a liderança de alta performance é um dos pilares mais estratégicos na retenção de talentos. Líderes preparados, humanos e comprometidos com o desenvolvimento da equipe reduzem significativamente o turnover. Nesse sentido, investir em liderança é investir em pessoas, portanto, na longevidade e no sucesso da empresa.
Conclusão
O turnover é um desafio comum, mas com a liderança empresarial preparada, é possível reduzir índices, reter talentos e fortalecer a cultura organizacional. O investimento em líderes mais humanos, estratégicos e preparados gera impacto direto na sustentabilidade e no crescimento das empresas.
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